sábado, 31 de maio de 2014

nightmare

Peço aos céus que cegue meus olhos para o passado, para que eu possa pisar friamente em todos os cacos de vidro sem ferir meus pés. Levar todos os meus demônios para a guilhotina em nome de todo o meu futuro. Não responder aos apelos de quem lhe tirou o sangue e quem lhe feriu. A cada segundo da sua vida, a sua própria consciência vai arder dentro de você, remoendo cada ato teu. A tua memória será capaz de recordar tudo o que não recordou enquanto podia. Ela é a sua maior inimiga. Você vai render-se de joelhos para si mesmo. O tempo acaba aqui.

Agora é a sua vez.

Hoje eu assisto de pé, a sua queda. 







segunda-feira, 24 de março de 2014

abstração

Eu tenho entregado um pedaço da minha alma, na tortura e na angustia dos bons frutos. Ela queima, ela grita, ela vira e revira. Anseia pela paz enquanto está perdida em meio ao caos. Abro meus olhos e as sombras ao redor me cegam. Minhas portas não se abrem mais. Trancafiada dentro do próprio medo. As chaves se perderam. Lágrimas que não lavam uma alma e não trazem esperança. Tamanha sede, insaciável, e um mísero punhado de água que se esvai por entre os dedos, na tentativa em vão de segurá-lo. Apenas observa-se com a sensação de incapacidade. É se agarrar no nada esperando tudo.

terça-feira, 4 de março de 2014

black hole

Você está sentado. Com mãos e pés devidamente atados. Um anseio interminável por algo não perceptível. O chão abre-se em meio aos teus pés. Você não tem equilíbrio. Não há nenhum modo de segurança. Tudo desmorona a sua volta e não existem sobreviventes no recinto. Repousar num conforto digno de calmaria é um luxo que muitos não alcançam. Sua cadeira pende na beira de um precipício. Uma hora ela não hesitará em despencar. Apague as luzes e feche as portas. A obscuridade prosseguirá no interior dos teus olhos. Só há propagação de almas ocas. Enfastiado do vazio.

"My secrets are burning a hole through my heart and my bones catch a fever. When it cuts you up this deep, It's hard to find a way to breathe. [...] I'm at the edge of the world! Where do I go from here? Do I disappear? Edge of the world. Should I sink or swim? Or simply disappear?"

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

hospital for souls

O mundo não vai acabar. Tuas esperanças acabam, a confiança é quebrada, teus sonhos definhados, mas o mundo permanece em equilíbrio contínuo. Não se tem um céu para ir e muito menos um inferno para chegar. Vivemos a fusão de ambos em terra firme. O fim e o começo são apenas um. Não há quem o salve da obscuridade que o afronta. As luzes já atingiram seu estado de combustão, os dias não resplandecem. Depara-te em conflagração consigo mesmo. O eu próprio busca consolo para a alma inacabada. Sozinhos viemos e assim permaneceremos. Não há ninguém a sua volta. Não há próximo.

"Because we all walk alone on an empty staircase idle in the halls and nameless faces [...] A wasteful universe and we don't know, our soul was emptiness inside our heads but no one dares to dwell."

domingo, 28 de julho de 2013

little hell

O medo sussurra em meus ouvidos como gritos impulsivos em meio ao nada, rasgando ardentemente toda a calmaria ali já encontrada. Se é que havia. Inquietação. Dias intermináveis. Horas que se arrastam e devastam a tua serenidade, preenchendo absolutamente tudo de angústias. O quão turbulento os pensamentos de um ser humano podem ser? Acima de nós existe um universo a ser questionado, o qual gritamos por respostas de questionamentos não atendidos. Encontrei-me num blackout e ao redor não há se quer uma saída de emergência. Você se alimenta do incerto, do improvável e do talvez. Gritos silenciados. Tua mente já não condiz com a paz de espirito.